A Morte sem Bússola | Antônio Pinto de Medeiros

[Poesia]
Brochura, em papel avena 90g, 140pgs
Formato: 15 x 21 cm

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Aquisição: edsolnegro@hotmail.com

De quantos acasos se tecem as tramas de nossos encontros? Este é um livro de encontros. De encontros ao acaso. Todos em torno do nome de Antônio Pinto de Medeiros.
     Nome que, embora já me fosse familiar, só vim a saber quem era de fato no livro "Informação da Literatura Potiguar", de Tarcísio Gurgel. Nele se encontra um breve porém vívido perfil de Antônio Pinto e sua notória atuação na cena literária potiguar dos anos 1950. E também, na antologia ao final, dois poemas de Pinto. Imediatamente, me chamou atenção a boa fatura dos versos e sua incandescente cadência de ritmos e imagens. Foi o suficiente para, numa das minhas deambulações pela biblioteca da UFRN, me lembrar do nome do autor e tentar a sorte na seção de poesia do rn. Sorte grande — o que não era comum: um exemplar original de "Um poeta à toa", de 1949, impressão tipográfica, páginas amareladas mas intactas, perfeitas, em algum momento reencadernado em capa dura. Na ficha ao final, nenhum carimbo de empréstimo anterior. Mandei inaugurar a ficha e saí com o livro. Li e reli durante alguns dias, admirado da estranheza daquela poesia, da intensidade das imagens, da pungência de algumas peças. Ao final, decidi digitar todo o livro. Queria ter os poemas pra mim, e digitá-los era uma forma de me apropriar deles e também alimentar um blog onde na época postava coisas que escrevia, traduzia, lia etc. Por volta da mesma época, encontrei num sebo um exemplar da reedição de "Rio dos Ventos", de 1984. Fiz uma seleção extensa dos dois livros e botei on-line, com uma breve apresentação sobre o autor. Queria, de alguma forma, compartilhar a descoberta da minha leitura. Nunca tive nenhum retorno até anos depois quando conheci Victor H. Azevedo e ele me contou que conheceu Antônio Pinto através desses poemas que eu havia postado. Descobrimos que partilhávamos o mesmo interesse pela poesia noturna e dissonante de Pinto, especialmente no contexto do RN. Na época já existia a Sol Negro Edições e conversamos sobre a vontade de fazer uma reedição conjunta dos poemas de Antônio Pinto. Sem perder tempo, Victor se embrenhou em uma minuciosa pesquisa sobre o autor em hemerotecas digitais e conseguiu, por fim, encontrar a sua família pelas redes sociais, que autorizou a edição.
     Quando finalmente conseguimos os recursos para impressão do livro, ficou óbvio que, além do texto de Victor com os achados da sua pesquisa — entre eles a menção a um último livro de poemas desaparecido de Pinto, chamado "Cantochão" —, o livro precisava de um texto que enfocasse mais a obra do autor, por algum estudioso da literatura local. Quando o nome de Tarcísio Gurgel surgiu, de imediato nos agradou, dado nosso contato prévio com seus livros e seu amplo reconhecimento como estudioso da literatura potiguar. Sua adesão e dedicação ao projeto foram imediatas. Quando nos mandou seu prefácio ao livro, qual não foi nossa surpresa ao saber que estavam com ele os originais do livro inédito de poemas de Antônio Pinto que julgávamos (e lamentávamos) perdido para sempre, e que agora virá a lume numa próxima edição organizada pelo professor Tarcísio Gurgel e também editada por nós, de alguma forma complementando e ampliando este volume que republica integralmente seus dois livros de poemas, fora de circulação pelo menos desde os anos 1980. Trama de acasos. Trama de encontros. Oxalá todos os exus da poesia permitam agora o encontro com os demais leitores que se sentirem chamados a essa prazerosa — mas nem sempre aprazível — reunião de poesia e vida.
Márcio Simões [orelha]
 
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