Correspondência Invertebrada | Victor H. Azevedo

[Poesia]

Brochura, em papel avena 90g, 144 páginas
Formato: 15 x 21 cm
Tiragem de 400 exemplares
 
R$: 30,00 (+ R$ 5,00 - frete simples)
Aquisição: edsolnegro@hotmail.com
 

Há alguns anos, numa conversa despretensiosa, o autor deste volume me disse que estava insatisfeito com a definição que os outros tinham do que é ser poeta. Para ele, o ofício do poeta abarcava um conceito muito mais amplo, uma espécie de simbiose entre escrita, tradução e pesquisa.

Foi impossível ler as páginas desta antologia sem perceber que aquela definição esboçada por Victor H. Azevedo anos atrás ainda é válida para o seu projeto literário, que consiste na escrita pela reinvenção.

Os poemas que aqui se apresentam são rastros de uma obra inconformada, inquieta, movida por curiosidade pura, numa linguagem que deixa transparecer a ousadia do desejo de recatalogar o mundo — numa espécie de ménagerie que, ao invés de manter cativos animais silvestres, expõe o que pode um idioma na estampa de uma camisa, numa placa de trânsito ou no verso de uma fotografia.

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Dividida em 6 seções que tematizam a infância (BROTO), a paixão (LÁBIOS EM EXÍLIO), o habitar o mundo (PAISAGENS, ANSIOLÍTICOS), as relações (P/), a linguagem (AMULETOS ÓRFÃOS) e a tensão melancolia-raiva (ASFALTO MOLHADO), esta Correspondência Invertebrada é uma curiosíssima antologia cuja maioria dos poemas é oriunda de obras ainda não publicadas — Como são lindos os olhos deste idiota, Mãos de pardal, Quem nunca andou de ônibus não sabe o que é deserto, Quarto sala cozinha, Ao modo dos girassóis, Poemas de entressafra, Desaprendizagem de um poema de Drummond —, além de conter poemas de Cachorro morto (publicado em 2017). Assim estas páginas que podem ser lidas num voo enquanto se aguarda o atendimento numa clínica dentária ou durante uma viagem tropicante num transporte coletivo são um interessante panorama do que nos reservam as gavetas do autor.

Ayrton Alves Badriah