Do Buriti ao Sangue | João Antônio Bezerra Neto

[Poesia]

Brochura, em papel pólen 90g, 60 pgs
Formato: 13 x 19 cm
Tiragem de 60 exemplares
Livro colorido, reproduz 4 aquarelas de Márcio Simões
Capa de Ângelo Roncalli
 
R$: 40,00 (+ R$ 6,00 - frete simples)
Aquisição: edsolnegro@hotmail.com
 
Leio “Do Buriti ao Sangue” de João Antônio Bezerra Neto com a sensação de estar diante de um poeta cujo processo de criação tem no rigor e na consciência da responsabilidade estética, características imprescindíveis ao talento de que é possuidor. Trata-se de lento amalgamar-se de leituras, descobertas e experimentações líricas, que naturalmente o aproximam de antepassados bastante ilustres como Poe, Baudelaire, Mallarmé e de outros que, na inevitável escala cronológica, igualmente contribuem para sua poesia apresentar-se como instigante e de ótima qualidade. Aí vamos igualmente encontrar reflexos de leituras de brasileiros como Drummond, Murilo Mendes, Bandeira e também, como bem lembrou Ayrton Badriah, dos potiguares Antônio Pinto de Medeiros e Walflan de Queiroz, este, um fascínio dos tempos da academia. Do diálogo com poetas assim, e da vivência com contemporâneos, como Elí de Araujo e Márcio Simões, de cuja fraternidade desfruta, nutre-se a postura de entusiasmo, visível quando o que lê o comove, ou diverte, ou revolta. Descarte-se, por excessivamente óbvio nesse artesanato lírico, o tema da inspiração, que ainda hoje persegue ingênuos ou poetastros.
Leio também, frequentemente, o que escreve João Antônio Bezerra Neto nos zaps que costumamos trocar. E fico sabendo de viagens intermináveis por cenários que abastecem sua sensibilidade (seguindo uma cartografia regional amorosa de filho de três estados: Ceará, Rio Grande do Norte e Maranhão) a fazer comentários cheios de verve e falando sempre, sempre e sempre, de novas descobertas poéticas. Um ser dominado pela danação órfica.  Não espanta que tivesse muito cedo o seu interesse despertado por um estranho poeta, o citado Walflan de Queiroz, torturado por um amor impossível e visões místicas na contemplação de Jó e Rimbaud. Parece ter sido esse poeta que o levou a penetrar num estranho universo, reservado a místicos ou iniciados, tendo sua sensibilidade invadida pelos ecos da dor e do mistério. Porém, diferente da obsessão mística do poeta admirado, João mantém um olhar aceso e circular com o qual tanto pode contemplar o fascinante mistério da floresta maranhense, onde ressaltam palmeiras admiráveis, os buritis, ou criar pequenas aquarelas de praças e gente caxienses, sem afastar-se da memória familiar nesse livro de ótima feição gráfica, dividido em trinta cantos de dimensões variadas. [do prefácio de Tarcísio Gurgel]
 
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